quarta-feira

SER VELHA FICA-ME BEM





Não suporto quando mascaram as palavras. 
Odeio, simplesmente odeio quando alguém se refere a outro como idoso em vez de velho. 
Raios partam estas pessoas que acham que ser-se idoso é melhor que ser-se velho.
Caramba, ser velho é uma conquista é uma glória de memórias acumuladas e experiênciadas e mesmo velhos conseguimos incomodar os outros com as nossas ideias e conquistas.
Por isso afirmo já aqui que no dia em que se referirem a mim como idosa, juro que irei sentir que todas as minhas conquistas me estarão a ser roubadas. Sou uma pessoa lúcida e à medida que o tempo avança sinto que estou mais perto da morte. Não que isso me aflija dado que cresci sempre com uma lucidez da vida acima do normal e aprendi a entender a morte como algo inevitável. 

Já dizia o Fernando Pessoa que "a morte não é o contrário da vida. A morte é o contrário do nascimento" Ele tinha toda a razão porque a vida não tem contrários. Quando nos ofereceram o pacote da vida, nele vinha incluída a morte e causa-me estranheza que retirem a morte das palavras usadas em relação a nós quando a morte é algo que nos acompanha desde o nascimento e quanto mais velhos ficamos mais perto dela estamos.


Voltando aos velhos.... Eu não me aflige nada vir a ser velha. Costumo até dizer que serei uma das velhas mais amorosas que podem encontrar dado que tenho um manancial de coisas interessantes para contar e ensinar aos netos e a quem estiver interessado em ouvir e aprender. Ser velho é uma conquista por isso recuso a palavra idoso que é uma completa rendição.


Eu posso ser velha sem nunca ser idosa porque um velho envelhece com toda a dignidade do mundo, levando aos outros, alegria, sabedoria,memórias de tudo o que conquisto ou, aprendeu e viveu.

Já um idoso limita-se a estar ali frente à televisão a ver coisas que nem entende com as pernas enroladas numa manta e umas pantufas calçadas. Geralmente usa fralda porque quem cuida dele tem receio que lhe suje o sofá da moda  Os idosos tem muito o habito de colocar o cotovelo em cima da mesa a mão na testa e ficar ali a suspirar e a chorar memórias passadas, um velho pensa que a experiência da vida é um trampolim que lhe deu armas para poder fazer o que ele deseja AGORA antes que seja tarde.
Um idoso morre porque desiste mas um velho morre porque faz tudo o que adora até ao ultimo suspiro.

Definitivamente EU QUERO SER VELHA.


Conhecem aquele texto do Guimarães Rosa, do conto Fita Verde no Cabelo: “Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, 
homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam ( a ver se não me esqueço de comprar este livro de contos para as minhas netas )

Eu quero viver numa aldeia destas com os meus amigos e velhar pela vida inteira. Velhar o engrandecimento do espírito, velhar as coisas que enquanto velhos vamos realizando, desejar que fiquemos menos vaidosos e mais divertidos mesmo que outros nos apontem como ridiculos, rir por cada nova conquista nem que para isso precisemos de nos apoiar uns nos outros. Eu quero velhar porque não irei permitir que me roubem a sensação de ser velha. Assim como não irei permitir-me ser uma velha de volta à infância. Quem no seu perfeito juízo quer voltar a usar fralda, a ser repreendido por um fedelho(a) que ainda nem metade da vida viveu ? JAMAIS!


É certo certinho que o tempo deixa bem claro em cada pedacinho da minha pele que eu estou a ficar cada vez mais velha mas acreditem eu NÃO ME IMPORTO DE SER VELHA porque no dia em que a vida achar que eu já vivi o suficiente sairei como entrei.....Com toda a graça do mundo.


quinta-feira

Vestida de Amor


                                                         (foto de minha autoria )

No improvável lugar onde nasce a perfeição de tudo o que me vai por dentro... desfio um rosário de Salmos, punição admitida por amar; sentimento que julguei extinto em mim.
Se antes eu fui refém de um amor escaldado, fundido nas palavras de uma fantasia esquiva em dias de conveniência… hoje reapareço vestida de amor.
Já não me calo, hesitante entre um paro e não paro;
Hoje não quero parar… nada me impedirá de percorrer este caminho que me faz navegar num mar de palavras felizes onde os aromas do corpo de quem amo se misturam à certeza de que voltei a ser dona de um tempo que outrora fora meu e que à muito tinha ficado para trás.
Perguntam-me se mudei….
Mudei, sem dúvida alguma que mudei, mais que não seja a estratégia do espaço, num ritual consentido... tenho asas e já consigo voar.
Antes não me entendia, era como se o amor e a dor fossem um único e só momento que anoitece e amanhece, num sentimento falso, inverdadeiro.
Cansei-me... dessa falta de entendimento procurando no recôndito do meu ser algo que me fizesse acreditar no valor de um olhar diferente, na crença de algo mais palpável e verdadeiro… pois nunca fui capaz de me sustentar de promessas.
Parti sem destino, destinando-me a um estável adiamento e hoje sinto-me revestida de vida… e mesmo que o corpo nem sempre me permita a deslizes de prazer, posso dizer-vos que é um prazer ainda ter corpo.


Seduz-me


                                                   (foto de autor desconhecido)

Um bolero karmico acaricia o descuido de horas tranquilas ao som de palavras que dançam como mel, na boca de quem pergunta, (quando) será o dia?

O dia em que a vê ...... ? .....(ou cega)
O dia em que a beija ...... ? ..... (ou cospe)
O dia em que a despe .......... ?..... (ou rasga)
O dia em que a ama .................. ? ....(ou odeia)

Quando (?)...... Quando (?)..... Quando(?)

Palavras doces, que rompem o infinito da originalidade, ao comporem uma dança com texturas embaladas no aroma dos sentidos, dom que algumas pessoas têm de inventar palavras novas…Palavras feitas de algodão, tão deliciosamente doces que nos fazem querer ter encontrado o tal caminho para a felicidade.... Nem que seja por um único dia.

sábado

Certezas

                                                                ( foto retirada da net )


É-me tão difícil dizer de forma inspiradora o que de mais sublime eu sinto.
É como se a palavra ou a forma de a escrever não acrescentasse nada de novo á simplicidade sóbria do meu sentir, nem beleza sincera à minha mentira quando quero acreditar que já nada de ti me resta quando és o tudo que me sobra para que o meu olhar não se feche de vez. Eu sei que as minhas palavras não precisam de ser esteticamente apetecíveis para que descubras nelas o amor que te tenho.
Nem sequer será por sonhar-te mais do que te sonho que irei amar-te mais do que te amo, porque sempre te vi lindo e brando adivinhando em ti todas as melodias pelas quais aspirei no meu dia-a-dia sem sentido.
Imaginei-te; senti-te, como se em mim sempre tivesses existido.
Deve ser a este sentimento que chamam de paraíso.
Também não me importa se não for porque vou continuar a sonhar-te.
Vou continuar a acreditar que ainda existo em ti, porque se eu sentir a mente narcotizada talvez eu consiga sobreviver aos dias frios do inverno que se avizinha… feliz com a miragem e a crença de que encontrarei dentro de ti o que é de longe, quando o dentro não é de parte alguma, porque a periferia acabou por se confundir com o centro do que somos.
Eu sempre acreditei que a única essência da vida é ser feliz.
Se não o é meu amor, então nada mais me importa a não ser a ilusão de ver nas coisas a tonalidade mais fremente que o coração pintou, na inocência de sonhos acolhidos.

quarta-feira

O Meu Natal


(foto da net)

As caixas guardadas ao longo do ano, saem dos armários e delas saltam bolas, fitas, estrelas, e um mundo de cores que nos reportam á infância quando os sonhos e as crenças eram pintados de inocência…. Sinto-me sempre menina, ansiosa por ver piscar na minha árvore, um mar de luzes de todas as cores, como se em cada piscadela gritassem um desejo… PAZ, AMOR, SAÚDE, ALEGRIA, REALIZAÇÃO.

Por muito piroso que possa parecer, não acredito, que exista um ser humano que não sinta o coração diferente nesta altura do ano. Tudo é mágico, tudo nos parece possível, é como se o mundo dos sonhos se abrisse e os sentimentos sejam tão íntimos que até os cheiros parecem evocar mais vivamente certas memórias, acho que se passa com toda a gente que consiga sonhar e que tenha um olfacto normal (risos).  Somos por momentos como que literalmente, transportados para outros lugares ou tempos, vivendo em pensamento, momentos cheios de alegria.

Na casa dos meus pais, por motivos religiosos não se festejava o Natal, mas os aromas da época inundavam todas as divisões da casa deixando em mim uma saudade imensa de ver a minha mãe ao fogão a fritar os adorados sonhos de abóbora e cenoura, a minha avó a mexer o tacho do doce de tomate e eu e os meus irmãos a rolarmos os doces pelo açúcar.

Não tínhamos árvore, nem prendas, não tínhamos luzinhas , nem bolas douradas e vermelhas…. Mas tínhamos uma família a nossa família! Uma família que se reunia nos melhores momentos, não para festejar o Natal, mas segundo a minha mãe... para festejar o Amor, o amor da nossa família.

Tal como muitos de vós, sinto que os tempos mudaram, já nada tem a mesma magia…. Mas o Natal continua a cheirar a bacalhau azeitado com batatas e couves, cheira a rabanadas, a filhós, doce de tomate e abóbora. A mesa continua a ser posta com rigor e elegância e o cheiro das velas mistura-se com os aromas que vem da cozinha. Ainda não sinto o cheiro do azevinho, mas sei que o irei sentir e que o irei espalhar pela mesa junto com os cestos de frutos secos e deliciosos bombons de chocolate.

Os momentos á lareira em roda da avó a contar as suas peripécias de miúda, são trocados pelos anúncios da TV, onde a voz doce de uma criança anuncia o nascimento do menino Jesus, e das imensas publicidades de marcas de objectos a comprar para a tão esperada, troca de prendas. Pode não ser o Natal das nossas memórias, mas continua a ser um Natal de amor em que reunimos os que amamos numa noite de serenidade, cheia de risos e sorrisos, onde as crianças, as nossas crianças...  vibram de olhos brilhantes, perante a alegria de perceberem que tem toda a atenção sobre si mesmas.

Este será o Natal da memória dos nossos filhos e dos nossos netos…. Cabe a nós proporcionar-lhes memórias tão aromáticas , quanto aquelas que os nossos pais e avós nos deixaram.

Que seja sempre um belo Natal…. E que os álbuns de fotos se encham de momentos especiais!

Feliz Natal

domingo

Idade do Vermelho

                                             

Tenho a idade certa para escrever com o corpo memórias de um tempo que teima  ficar-me por dentro. Um tempo de rasgos vermelhos onde sem pudor, a minha mão conduz a tua nas doces curvas da contemplação, onde me cedo e me nego na agonia do que quero e do que não permito. Para ti danço com ambas as mãos numa viagem inaugural... Não quero o silêncio, quero reaprender as palavras da paixão, reaprender  a guardar nelas o que resta dos beijos que sempre me desalinharam os sentidos.

Não desistas, porque não te quero suspenso, quero-te táctil,  tenso, retido no acento vulnerável de  sílabas inacabadas que sussuras ao meu ouvido, quando adormeço sobre o teu peito. Este é o inicio perene do nosso entendimento, nada de lençóis arrumados à pressa, não quero um espaço construído no vazio do medo, quero apenas tudo o que poderia querer alguém que ama. Não és mais um rosto, nem mais um corpo na minha cama... Tu és, tu! Aquele que me permite ser quem sou, quem eu gosto de ser, deixando-me despertar amuada, colocando no meu colo um repasto feito de amor e um sorriso que acompanha a mão, afagando o beijo que nela deposito.

Poema




No lugar onde me acoito quero meu corpo moldado às tuas rimas,
ser a silaba mais lasciva do poema! Ser uma ânsia diferente
que de tanto se querer  tua, entrega-se sem pudor a um texto sem virgulas, arrojado e quente.
Neste verso em que me queimo no prazer de ter-te dentro de mim, as palavras são desnecessárias  neste momento já não sou nada a não ser boca, mãos, pés pele, suor, saliva...Este é o meu fim de noite  perfeito..... sem ponto final.................




O BEIJO



O coração alimenta-se de coisas insustentáveis e minúsculas talvez por ser o único vocábulo esférico onde as arestas se harmonizam na procura da verdade… Talvez seja por esse motivo que fecho sempre a porta a disputas que não nos levam a lado nenhum, mas confesso-te que me dói ter sempre razão com relação às coisas que vão acontecendo.
Costumas rir e dizer que tenho a mania das adivinhações mas a única coisa que consigo adivinhar é que o teu corpo é uma casa habitável, os teus braços, janelas que se fecham em meu redor na ânsia de me proteger de tudo o que me causa dor.
Gosto de te adivinhar assim… Beijar-te, voltar a adivinhar-te e sentar-me junto a ti no patamar dessa casa que habitamos e ao longe  o desenrolar das ondas  beijam a areia como acabaste de me beijar a mim.

sexta-feira

Preciso de Ti

                                                                                    (foto da net)
                                                          
                                                               



Sejam traços a dois… ou apenas dois traços
Serão sempre o desalinho de um imenso querer... Querer a dois  esboçados em laços de braços rodados em volta da lua,

.............Tu meu,
......................Eu tua.

Traços insuportavelmente felizes... suavizados pela maciez de um olhar ou pelo doce toque de um beijo..

Podia dizer-te que são rascunhos do nome que me escapa dos lábios conjugado no mais conhecido dos verbos... mas são apenas esboços vivos que traço devagar, como as sílabas que uso para definir a ausência encadeada da minha cegueira e do quanto preciso de ti.

terça-feira

Coisas Minhas

                                                        (foto de minha autoria)


Enquanto a alma não souber dizer palavra alguma, a noite nunca será total... haverá sempre uma janela iluminada, uns olhos abertos, uma boca crispada, umas mãos abertas na procura do nada.
O silêncio deixa de o ser pelo desespero do beijo que ficou por dar, pelo lençol esquecido nas bordas de uma cama fria onde um nome deixou de repousar....
_E a  alma?!!! .......... questionam a medo todas as minhas emoções.
A alma....oh a alma!.......Essa perambula pelo nada implorando a vinda da madrugada sabendo que a noite vai ser longa!  Longa e fria, chorosa, molhada.
Cruzam-se as mãos no regaço  porque a alma tem mãos que nos resguardam da dor e do sofrimento,
lá fora o vento assobia uma canção de revolta e na revolta de tudo o que sou deixo-me adormecer.

sábado

O Nosso Poema


                                                           




Recomeço agora... uma vez mais recomeço nesta madrugada em que no equilíbrio das palavras o desequilíbrio dos corpos colhem  desejos que brotam de um mar onde hoje navegamos sem sobressalto caminhando de forma límpida sem permitir ao tempo que nos gaste a forma como sempre dissemos Amor.
Não sei melhor do que tu dizê-lo, mas sei latejar, apertar, morder, chupar, passear o meu barco pelas paisagens endurecidas  do teu corpo e chamar-lhe vida.
Tu sabes, eu sei que já nada inventaremos de novo mas viveremos em gestos nossos, usando como nossa a única voz do encantamento aquela com que direi teu  nome com toda a doçura do mel que na garganta me escorre, nume das palavras feitas de desejo que a torto e a direito repetimos a cada toque a cada beijo... E nesta mistura da saliva em que as nossas bocas são uma, escreveremos o poema das nossas vidas.


terça-feira

Viagem Sem Volta.

                                               

 Do que chamamos de amor, ficou um carinho morno onde o sol se espreguiça num testemunho sagrado do TUDO, que um dia fomos.

 Do que chamamos de amor, sobra a PALAVRA orvalhada na madrugada das lágrimas, onde a saudade acamou todo o amor que em mim encerrou.

 Do que chamamos de amor, não há sílabas ao vento… Nem beijos de um momento, há apenas AMOR.

 Do que chamamos de amor, há um DESTINO cansado; por nós dois violentado, escondido, escangalhado… duplamente destroçado.

 Do que chamamos de amor, não há horas indistintas nem tão-pouco horas famintas porque de BEIJOS nos alimentámos.

 Do que chamamos de amor, sobrou uma promessa em versos líricos recitados num sussurro quando para sempre eu te disse, ADEUS!

quinta-feira

MENINO CANSADO....

                                                         ( Foto de minha autoria )   




Nas veias de um menino cansado, correm litros de sangue de um  mundo imprestável, por não lhe ter sido permitido falar a verdade sobre as bocas e as mãos caídas dos que vivem em solo infértil.
Poderia dizer-se que é um tempo de rigor absoluto onde se abdica dos braços da súplica por sabermos que nada existe para doar.
Que trágico este frio que se sente, esta dor que não mente estes abutres que aguardam o encerrar  dos olhos antes doces, hoje quebrados que se fecham um pouco mais a cada amanhecer.
Onde estão os pássaros, as flores os risos das crianças e os fins de tarde de amor?
Que distantes dias são estes de um poente de sangue pintado  de um frio que não me mata mas que tanto se sente.

......São revoltos os pensamentos,
...........................................as sombras,
...............................................os tormentos
 ..................................................... daquele menino cansado.

domingo

Desencontros


                     (foto de minha autoria)

                         “... Tu:
És ...
a mais certa certeza de que gosto de ti,..."
 (Nuno Júdice)


..com estas palavras preciso de te dizer que se
abrem as portas de todo um sentir, na esperança que se esgote a dor do vazio que me deixas por dentro quando me dizes a meia voz:
-“Nada permanece por muito tempo, tudo acaba em vazio'' …; 
...eu consinto com a cabeça num gesto anunciado pelo silêncio sombrio do teu pronúncio de um breve fim...  Mas esse gesto silencioso que uso para acentuar as tuas convicções,é uma grito silencioso para que te cales, para que que não me magoem mais as tuas palavras.... porque na verdade reconheço que só fica vazio o espaço que não permitimos inteirar… talvez pela certeza de que não me perdi dessa saudade que és tu, simplesmente me desencontrei... para que me voltes a encontrar.

terça-feira

A Rota dos Porquês




Pergunto-me o que fazer quando crescemos...
No meio de almas plenas
De palavras que nunca são pequenas
Onde o único alimento é o sentimento.

Pergunto que fazer…
Quando a paixão aclama
 O amor implora
O ódio se faz sentir.

Quem somos?
Porque somos?
Seremos todos documentos sacros revelando segredos antigos,
Ou serão os nossos olhos apenas um reflexo tímido
Que traduzem em versos algo
Que nunca teremos a coragem de dizer?!!!

A nossa rota é quase sempre vazia…
Os caminhos sempre sem rumo
A estrada sempre empoeirada
Somos o tudo no meio do nada
 Somos o que parecemos
 Não o que queremos

Porque existem sempre lenços na mão
Na hora da despedida
Ou lágrimas de angústia… no adeus

Se neste circulo o nosso rumo é todo igual?
Porque matamos,
Porque se vestem de negro as viúvas
Porque choram os velhos

Porque desesperam, se nascemos com a certeza de que: “És pó e ao pó tornarás” Gen 3:19

Somos eternos navegantes
Sem porto de abrigo
Sem um amor sentido
Nascemos em dor,
vivemos na incerteza…
morremos no medo.

Somos ciganos do tempo que nos resta
Sem eira nem beira caminhamos pelo tudo quando o que nos resta é nada.
Somos… porque nascemos...
E até ao nascer somos pequenos!

quinta-feira

Tormenta


                                       
  

Veste-me daquele aroma dos lábios molhados depois de um beijo que pertenceu ao meu corpo depois de (um) amanhecer a dois.
  ...daqueles braços… impetuosos e exigentes, que cavavam na ternura dos desejos, longas tardes em que fugíamos como corsários do tempo…
  … éramos simplesmente felizes.
 
Veste-me das mãos que tantas e tantas vezes me cravaste na pele, construindo palavras das saudades que ambos trazíamos na ponta dos dedos… fruto do calar o grito de tristeza de não podermos testemunhar juntos ,  cada amanhecer.
  ...de segredos… Os segredos que os meus ouvidos guardam; eco de um sonho onde tudo se espera sem nada se pedir.
   
Canso-me, cada vez me canso mais… A minha voz cala-se mais um pouco todos os dias e tenho medo que se cale de todo. Por isso imploro……………Veste-me ou despe-me… Ou talvez seja melhor que me mandes embora de vez… porque o teu silêncio é a tábua rasa para o tormento eterno da minha alma.

quarta-feira

Não Acordes as Estrelas



… Apenas desejei que  me resgatasses do isolamento das palavras que me impelem a escrever.” Tristezas”; dizes -me tu!
_Não são tristezas, são palavras!
 “Tristezas”! Teimas em perpetuar.
 
 Meu Deus, serei eu assim como dizes?
Serei eu uma amnésia dos céus; meretriz do ócio da dor?
Chego à conclusão que talvez eu precise de morrer e beber todo o meu sangue, para que o renascer traga de volta a pessoa que hoje confinaste a gestos esfumados de querer.
 
Não sei! Sinceramente não sei!
Talvez os dias estejam a nascer contra a minha vontade.
Talvez eu me perca na rédeas do tempo ao tentar emoldurar todas as minhas memórias.
Talvez eu precise de morrer, para que a fome de vida não me mate primeiro.
Talvez! Talvez! Talvez!
 
Penso e repenso em tudo o que falamos, em tudo o que destilamos e não percebo, juro que não percebo porque bebes apenas o ar frio das minhas promessas, quando existe tanta paixão nas palavras que fluem de mim.
Não vês que eu escrevo na doçura terna dos teus beijos, gloriosas aventuras de uma menina/mulher sedenta de ti?
 
Amimas aflito a lágrima que teima em cair porque sabes que ela é a primeira palavra que me fica, antes da torrente da indiferença em que me sepultarei. Esmagas com palavras o que outros esmagaram com actos, fazendo-me sentir como se eu não tivesse um lugar debaixo da lua…
como se eu fosse uma cidadã anónima perambulando pelas ruas da madrugada.
 
Por favor não me faças sentir isto, porque se o voltar a sentir; será esse o último dia que te vi.

Ave de Verão

                                                   

Quem és tu…
Que deixas o nome nos meus sonhos
E o teu perfume a transpirar na minha pele.
E o corpo dorido por onde antes outros dedos foram aves de verão
...hoje a tua boca traçou um trilho de palavras gemidas dizendo que sou tua sem nunca o ter sido.
?
Quem és tu…
Que me estende uma mão inquieta...
Um coração… uma casa aberta… que os meus dedos invadem, até ao fundo dos sentidos…
E sem medo chego ao fim para voltar ao principio, decorando o que já sei, e é sempre nova a leitura da  pele…
?
 
Quem és tu …
que não escreve; sussurra…
Que não fala; murmura…
Que descreve em palavras secretas que não fecha a porta, retém-na aberta
Para a entrada triunfal do desassossego de passos conexos,
Gestos convexos,
Olhares e sentires
 e tudo o que estiver para vir.
?
 
Quem és tu…
Que soltas a mão e crias traços sem rumo no meu corpo…
Dormes sobre o cansaço embalado pelo momento breve da esperança.
… Divides comigo os intervalos da vida.
Depois partes como qualquer ave de Verão.
 
 
Quem és tu… ????????
 

És o Meu Abrigo!

                                                  (foto de minha autoria)

Acordando todos os poderes da ausência… encostei-me a ti e descobri que com o acordar da erva, a minha voz canta em rios mansos, palavras difíceis que temi dizer-te, e que exigem ser ditas porque a cada dia que passa, mais me recosto nos contornos suaves do teu nome fazendo de ti meu agasalho; ternura do que vou vestindo!

Por esta volúpia interminavelmente louca...

Acredita… é mesmo verdade…

Eu amo-te!

Suspensa por querer-te

                                                   ( Foto de minha autoria )


Poderia dizer-te:  Eu sei, que nunca é tarde.
Mas que reflexo teria em ti?

Poderia pintar em ti cores de esperança.
Mas quem me diz que não irias repintá-las, retocando a fotografia para preto e branco?
Poderia abrir-te a porta da alma, de forma mais ou menos legítima, e mostrar-te a tentação pelo abismo dos sentidos e dos sentimentos, convidar-te a reviver as emoções.
Mas abriria em ti um sorriso, ou, criminosamente, traçaria um novo rasto de sangue nas tuas cicatrizes?
Talvez pudesse escrever-te o mais belo poema, enaltecer as virtudes da entrega, de ultrapassar medos e receios.
Mas quem me diz que não iria estrangular ainda mais os teus silêncios, quiçá amordaçados pela vida, pelos outros?
Por me sentir suspensa, encosto-me para trás e sem deixar de olhar-te no mais fundo de ti e do teu imaginado sorriso, deixo que uma ruga de tristeza tua me diga que, de facto, talvez seja demasiado tarde.
Como se a utopia, de repente, se desfizesse nos cacos que não conseguimos colar.
Como se todas as nuvens, ficassem definitivamente negras.
… e não mais fosse possível construir um baloiço na ponta de uma estrela!

sábado

PROMESSAS


Foto de minha autoria

 Onde estás tu?!! Tu que escondeste comigo a noite nas dobras de todos os destinos, para que nada nem ninguém se colocasse  nas  loucuras por nós cometidas após cada queda do sol.
Sinto a falta desse ser...  desse homem que  me elevava ao cimo de tudo o que nunca acreditei ser capaz, esse ser que me fez doar amor com o calor da minha voz, que sonhou os meus sonhos e provou os meus beijos buscando forças para enfrentar todos os ângulos sem sentido em que a vida nos colocou.
Onde estás?!!!

Saberás a  falta que sinto de me escapar contigo pela noite e dormir no colo de cada onda desse mar que inventamos como nosso, onde  sedentos de amor reluzíamos como estrelas a cada anoitecer.
Onde estás?!!!

No silêncio de cada noite ecoa ainda a tua voz: Promete-me... promete-me que não irás parar de me seguir, que construirás nesse silêncio um hoje do ontem que fomos, com a certeza que mesmo impossível de vivermos o sonho que sonhámos ao longo dos anos, o amor estará e será sempre algo presente... promete-me!!!

PROMETO!!.... prometo, mas já não sei onde estás para que possas ouvir que te prometo tudo o que tu quiseres.
Sei apenas que onde quer que o silêncio paire e as estrelas brilhem, as minhas mãos tocarão as tuas como na primeira vez, deixando a água do mar escorrer em promessas eternas de um amor que se enche de luz todas as noites iluminando todos os que se amam em segredo.

UM DIA... vou ter de ir.

                                                     
(foto de minha autoria )



Há vontades que nascem de novo, sonhos que crescem como se fossem árvores... mas não à formulas secretas para evitar que um dia eu tome o rumo que tomam os anjos… Que viaje para lá da madrugada de cristal, onde nascem as lágrimas que os nossos beijos quebraram.

Por isso peço que chovam dias a fio para que as mágoas que restam dessa certeza vincada na  minha alma se lave e as forças da natureza verguem todos os caminhos que trazem ingenuidade dobrada nas malhas de encruzilhadas de destinos que não quis para mim.

O que quero para mim são esses olhos, olhar para ti, por ti, através de ti... e no dia em que o vento do Oeste pegar na minha dor e o sol entrar pela minha alma como o faz por uma janela escancarada, eu seguirei o teu olhar… leve, pausado, seguro; o mesmo que um dia me mostrou  com a  cor da noite  a existência de votos tão sagrados que só poderiam ser quebrados  na libertação das amarras da satisfação ardente de corpos insatisfeitos com o tempo que lhe foi permitido amar.

Na incapacidade das palavras deixámos de ser heróis das promessas que nos fazemos........ porque se os fossemos, talvez não sentíssemos o frio da noite quando depois de saciados,  reacendemos tudo o que já foi feito,  reescrevendo com o suor da paixão  mais promessas que por certo iremos quebrar, porque não somos heróis nem santos que deixam voar os sentimentos como testemunho de que é possível inventar um caminho até ás estrelas onde os nossos dez sentidos ficam totalmente acordados.



terça-feira

Gélida



(Foto de minha autoria)



Tenho frio!
Há muito, muito tempo que não sentia tanto frio... A culpa será do vento Norte que teimosamente dispersa o entardecer em espasmos de uma dor consentida enquanto imóvel me observa morrer.
Não ouso...
 não falo...
nem imploro... Não me atrevo!

De tão perdida que estou quedo-me ao silêncio de vozes que já não germinam em harmonia porque sei que não existe nenhuma forma de medição de perdas que explique o cansaço de qualquer vontade antiga na desertificação do coração.
Eu sei!... sei que permaneço em sobressalto mesmo quando aquieto a voz que me diz, que está a chegar ao fim o rasgo das lágrimas, da sede sentida, do desespero de quem quis sorver de um gole o suco da vida.

Tenho frio..................................................

quarta-feira

Palavras Cobardes

Imagem de minha autoria



Rasgo de mim todas as palavra inúteis
Palavras que são um chicote enraivecido na perdição de tudo o que sou.

Sei que é cobardia quando me resigno em palavras fáceis, como se fossem asas com as quais escrevo no tempo, tudo o que me vai por dentro.

Não sei nem nunca soube criar bolhas de ar dentro da escrita, sei que o respirar e o abrandar das palavras se fazem com um sentido lógico mas não respiro propositadamente porque acredito que as palavras de um só tempo se devem beber de um só trago e lidas num só fôlego.

Não sei se me percebem se me faço entender se escrevo bem ou mal.... Não me preocupo!!!...

Escrevo para enganar a ira que se inclina para o meu sentir, sofrêga na aquisição de um lugar ao sol nesse mundo ilusório onde a paz reina empunhando como ceptro uma caneta antiga que verte no branco de uma página vazia pensamentos que só ao vento consegue confiar.

Embrulho-me na pouca sabedoria de vírgulas mal configuradas e de pontos finais que não se deitam na cama certa, mas no fim saio sempre premiada pela brisa desse entardecer lento que me diz que sou uma felizarda por viver um novo dia... quando para isso me bastou abrir os olhos.

NÃO VÁS!!!!

(foto de minha autoria)
"Na pele da minha amiga Manita, para quem escrevi este texto"


No chamamento da noite enlaço a língua em beijos de espuma e,
sonho, canto, gemo, grito a par com os ecos devolvidos à rebeldia pelos sentimentos com que te perfumo a cama. Depois… muito depois dos beijos… sei que vais partir na inexistência de qualquer tempo. Não temos horas nem dias, vejo apenas os olhos, as mãos, os beijos, estenderem-se como lençóis de angústia na hora da partida.
Quero-te, é certo que te quero... mas não te imploro que fiques; na hora da maré sou mulher do homem do mar, guerreira aguardo, firme e de pé a tua próxima chegada, sem dia nem hora marcada.
Pouco me importo de me perder em ti ou por ti… pois nada me dá mais prazer do que me sentir perdida naquele exacto lugar onde nasce a perfeição de tudo o que me fazes sentir.
Amo-te, e é por amor que o meu coração fraco te pede…. Volta! Volta para mim… Não me deixes adormecer todos os dias na certeza de um acordar indeciso.

quinta-feira

ALTIVA

(foto de minha autoria)

Erguem-se véus de mil cores à sua passagem, enquanto se dobram em curva o dorso dos que não a ousam olhar de frente.

Alheia ao que se passa à sua volta ela caminha pelo trilho do desconhecido, com os olhos erguidos para que o sol a presenteie os calores que lhe atribuem.
Em cada esquina, redescobre um banho de essências doces, suaves, que vêm de um recanto oculto, plantado no meio dos seus seios.
Indiferente, sorri, parece não incomodar-se que a saibam, que a extraiam, que a descubram; pois o refúgio de todos os seus medos está naquele recanto secreto, onde em longos passeios nocturnos geme palavras a um sonho furtivo.
É no recesso desse sonho, que ela guarda os aromas de tudo o que lhe vai por dentro…
cuida, rega cada pedacinho de terra como se fosse um jardim que não tem fim, onde a beleza sublime das rosas que fazem do seu umbigo morada, se protegem com espinhos afiados para quem as ouse desflorar.
É um jardim só seu!
Um lugar encantado onde os defeitos não entram, tal é o medo de que arruínem a pureza de um enlaço de pétalas delicadas, doadoras de encanto que se abrem inocentemente à passagem do mais imprudente dos mortais.

segunda-feira

Poema a Duas Mãos

                                                                    (foto de minha autoria)

Há um prende, desprende, perturbado pela cegueira de um amor que se poetizou de paixão. Um amor que murmura alucinado o desespero de entender porque é que persisto em escrever o que não sinto… numa urgência incontida de renascer, renegando a sabedoria da maturidade, na consciência de que não sendo jovem. Também não sou velha....
Mas seique tenho bastante idade para o reconhecimento da dor da alegria e para saber quando partem os pássaros na vez definitiva....
Mas o que eu queria saber não sei...
por exemplo, não sei...
da coragem corporal de palavras e gestos...
que se escondem por detrás de mãos cristalinas.”


Poema a duas mãos

Ana Luar & Bernardete Costa

Desgraçada Crença





Julgas-me uma errante… uma caminhante do nada por não ter crença nem fé, Julgas mal e esse foi o maior pecado da tua crença sobre mim.
Dizes que sou incrédula no meu caminhar… quando sonho com um novo mundo … e acredito num regressar.
Julgas conhecer-me quando de mim só conheces o calor de minha boca.……… Proximidade que as tuas palavras gritam queimar ainda na tua pele.
Imaginaste-me intocável…. Quando eu não suporto deusas nem altares!

Querias-me?!!.... Tocasses-me…… ( limitas-te a adorar-me)... agora é tarde, não moro mais aqui .

Fui, despojei-me de tudo o que pensei ser teu.
Não ficou fé nem crença que me salvem desta luta que travei com estepes sagradas de alguns desertos ocultos.
Se me escondo? NÃO… ainda não morri, ainda trouxe comigo um espólio de prata que guardo nos armários do tempo… A sua inutilidade opõe-se às razões de caminhos percorridos em vão, mantendo o meu andar firme perante alguns passos que me atraiem.

Vai, segue o teu caminho ... não me tomes por desgraçada, na minha crença sei que atrás de uma estrada existe um beco… Atrás de um beco uma luz… A par com a luz, uma justificativa que motive uma escolha que faça todo o sentido no momento final.


De uma vez por todas........ Vai!

Origami



Sabe Deus porque escrevo assim, como se a minha vida tivesse sido dobrada num dos vários esquemas de um origami que depois de vincado se faz ao vento saboreando cada recanto enviusado pelas garras de um destino que nunca quis como meu.

Não entendo, ou não quero entender porque teimam em dar-me um destino quando sou livre, imortal, invencível contra tudo o que me quer levar para longe de ti.

Tentam, bem tentam as vozes aziagas… mas nem elas me farão acreditar que o amor é uma coisa fugaz….que se dilui na saliva de um tempo que envelhece todos os sentires.

Não é assim, Não pode ser assim….

Chamam-me, mandam-me parar, como se fosse necessário eu estar atenta para perceber o que me querem dizer… pois de bocas tristes só caiem palavras que gritam que o amor não dura… Mas que importa o tempo de duração se o que sentimos passa a ser eterno só por termos tido a coragem de o ter vivido? Não será mais importante este sentimento que nos deixa em estado constante de ebulição a um sentimento retraido de querer viver e não ter coragem para tal?


Voltam a chamar-me avisam-me mas eu já não olho para lado nenhum…o meu olhar está fixo em ti porque foi em ti que entrelacei as minhas mãos… Deixei de me importar com o que pensam por medo de se exporem, o medo corrói-lhes o coração e atrofia-lhes o sentimento.


Não, não os quero ouvir, nem sequer os olharei, seguirei para ti … e mesmo que por vezes eu tenha que recuar, usarei as palavras para desculpar esta teimosia de remar contra o tempo que tenta derrubar as certezas que existem dentro de mim…

Tu sabes que ainda não me adaptei á vida… por isso não sei o que são ausências….

As certezas; Sim conheço-as mas guardo-as por dentro para que o tempo que arrebata a vida, não dê por elas e não me leve para longe do teu amor.

domingo



Dezembro...
Nunca escrevi nada sobre Dezembro… mas hoje neste 13 dia de Dezembro apetece-me escrever sobre a chuva, essa que chega impelida pelos ventos, inventos rasgados que atingem as paredes do céu... ou do meu ser… Não sei!


Hoje sinto-me cair… como essa chuva malandrinha que geme triste uma sorte que não deseja. Não sei se temo o meu tombar, ou o tombar de temporais que passam como relâmpagos destroçando toda a minha vida.

Não sei! Já não sei nada… fico-me aqui perdida em pensamentos a escutar o vento Oeste que ensaia uma Ode a todos os desiludidos… enquanto isso preparo um copo não de leite, mas cheio da adivinhação dessa manhã em que me resta esperar o tudo ou o nada e o nada já me afogou e o tudo que me levou ao nada, tarde demais quis saber quem sou.

A existência aos Domingos nostálgicos de um dia qualquer de Dezembro é uma míngua e isto que hoje sinto é um estado minimalista de ser.


É hoje… só hoje (espero eu)


(imagem da net)

 
(uma carta antiga)

Enfado-me diariamente com idealistas maliciosos que “vivem”de acordo com a infinita sapiência, acreditando ser esse o único trilho para a felicidade.Vivem sepultados no saber, nas possibilidades e nas probabilidades de palavras bem colocadas para não ferir susceptibilidades…
Respiram todos os dias, sem perder a cabeça, nem sair do fio delineado para o encontro das almas que levarão desta vida para um outro estado onde habita a perfeição (que enfado).
Almas enfadadas, negras de tédio, mortas de vida… Que rejeitam a subtileza de sentimentos inúteis. (Inúteis… dizem eles!)

Parafraseando Pessoa… eu digo-te meu querido, que nos julgam inúteis, porque não entendem como se ama infinitamente o finito Como se deseja, impossivelmente o possível
Porque queremos tudo, ou um pouco mais, se puder ser
Ou até se não puder ser...


Por isso meu amigo se me perguntas se estou cansada, e se estar cansada é viver… respondo-te que me sinto, cansadamente VIVA!
(imagem da net)

Podes dançar,

.............Rumba,
...................Tango,
........................Bolero,
....................nos braços de todos os anjos ou demónios.
Deixar que te apertem, que te agarrem, que te amparem…Que te contemplem, que te aclamem, que te amem.
Podes cruzar, descruzar, rodopiar… na fragrância dos ventos ou no afogueio de todos os sóis
porque sou eu que devasso todos os odores que germinam da raiz do teu corpo.
(imagem da net)


Se eu fosse harpa entoaria hoje, um cântico tártaro para realçar a destruição de todas as minhas crenças.
Mas não sou harpa… sou apenas gente, que sente, como toda a boa gente.

Gente sem forças… zangada, cansada de ilusionistas que despem e vestem expressões de afecto. Cansada de rostos sérios, que se dizem justos, sábios, sensatos, desconhecendo o poder das palavras que calçam.


Não sou assim! … Não sou e não me rendo a esta classe de gentinha decapitada de consciência.


Meu Deus! ... Estou sozinha no mundo!
(Estou sozinha no mundo!)

Sozinha, porque não sei viver dois mundos… duas vidas.
Sinto-me como se tivesse atravessado um furacão violento que não respeitou a minha sensibilidade e sem dó nem piedade me atirou ao chão para lamber todas as minhas possíveis culpas... Uma árvore inclinada sobre o abismo, quebrada, fraca pela fadiga e pela violência do embate de ter descoberto a impossibilidade do seu reerguer.

Tenho em mim a raiva acesa do fio de uma espada cravada no peito da indiferença.
Não luto… Já não luto!
Oiço o rio (ou será o mar?)
Um e outro anunciam a minha morte, enquanto visto o meu corpo de algas… e me faço deusa do rio de lágrimas que chorei no Olimpo da minha vida.
(imagem da net)


Não insistas em desvendar a paixão que enlaço no teu pescoço.Não queiras desmascarar nenhuma das minhas expressões... seria um trabalho longo e penoso. Acredita-me, porque tudo o que te digo é verdade! Sou de idade e porte orgulhoso… e se desperto simpatia de uma forma geral é porque faço da alma o meu sentir. Além disso, não vejo motivo para que me insultes de snobe porque se me elevo no nome dessa esfera iluminada e de rara beleza a lua... é apenas para me sentir mais próxima das estrelas. Por isso volto a insistir...
Desiste de tentares saber mais do que aquilo que eu te mostro.
De mim nada mais saberás a não ser que danço na berma do abismo entre o riso e o enigma



Amorosa,
desalinha beijos esculpidos por corações de pedra.
Insubmissa,
renasce em raízes entrançadas pela voz do silêncio.
Sem desonra,
esvazia o perfume da alma, no caudal de rios feitos de lágrimas.
Sensual,
ergue as pernas como arvore, que se embriaga na seiva.
Como mãe…
rompe névoas, ventos e tempestades e da chuva inventa sons de cristal.

Sublime mistério este, chamado... Mulher!
Convida-me para dançar!
Shhhhh... Não fales... Convida-me para dançar).

Não te peço diamantes, nem palavras ocas.
Não te peço esforços inúteis, nem mesmo sacrifícios…
Peço-te apenas (Convida-me para dançar)
Pede baixinho… shhhhhh … baixinho…
Ao meu ouvido, diz... Diz que sou a única, a que te faz feliz…
Diz!que me achas linda... que sou um amor bonito (em todos os sentidos)
(Convida-me para dançar)
Assim……baixinho... baixinho…. Isso assim, diz(o meu nome devagar) Diz!

(Convida-me para dançar)
Hummm… como gosto quando me pedes para dançar.
(imagem da net)



Não te assustes, o frio não me arrefece… Vem deitar-te na minha cama e quando a lua rasgar o horizonte, prometo-te uma cascata de odores carnais… um cio ardente de afectos contidos por uma orquestra sem maestro...
Rasga-me…
Possui-me…
Atiça a tua língua a descobrir um caminho para a humidade nocturna no labirinto das minhas pernas e faz-me renascer contigo, para que eu me sinta pura e redimida.