quarta-feira

Suspensa por querer-te

                                                   ( Foto de minha autoria )


Poderia dizer-te:  Eu sei, que nunca é tarde.
Mas que reflexo teria em ti?

Poderia pintar em ti cores de esperança.
Mas quem me diz que não irias repintá-las, retocando a fotografia para preto e branco?
Poderia abrir-te a porta da alma, de forma mais ou menos legítima, e mostrar-te a tentação pelo abismo dos sentidos e dos sentimentos, convidar-te a reviver as emoções.
Mas abriria em ti um sorriso, ou, criminosamente, traçaria um novo rasto de sangue nas tuas cicatrizes?
Talvez pudesse escrever-te o mais belo poema, enaltecer as virtudes da entrega, de ultrapassar medos e receios.
Mas quem me diz que não iria estrangular ainda mais os teus silêncios, quiçá amordaçados pela vida, pelos outros?
Por me sentir suspensa, encosto-me para trás e sem deixar de olhar-te no mais fundo de ti e do teu imaginado sorriso, deixo que uma ruga de tristeza tua me diga que, de facto, talvez seja demasiado tarde.
Como se a utopia, de repente, se desfizesse nos cacos que não conseguimos colar.
Como se todas as nuvens, ficassem definitivamente negras.
… e não mais fosse possível construir um baloiço na ponta de uma estrela!

Um comentário:

Pedro disse...

Existem as feridas que nunca saram, como algo sobrenatural se trata-se, mas não as nossas feridas....
quando alguem que nos quer bem sangra as feridas que temos, é para nos aliviar, precavendo uma infecção, por ai sa o mal que nos corre nas veias, quando falas e tratas, elas saram mas as marcas permanecem