quarta-feira

O Meu Natal


(foto da net)

As caixas guardadas ao longo do ano, saem dos armários e delas saltam bolas, fitas, estrelas, e um mundo de cores que nos reportam á infância quando os sonhos e as crenças eram pintados de inocência…. Sinto-me sempre menina, ansiosa por ver piscar na minha árvore, um mar de luzes de todas as cores, como se em cada piscadela gritassem um desejo… PAZ, AMOR, SAÚDE, ALEGRIA, REALIZAÇÃO.

Por muito piroso que possa parecer, não acredito, que exista um ser humano que não sinta o coração diferente nesta altura do ano. Tudo é mágico, tudo nos parece possível, é como se o mundo dos sonhos se abrisse e os sentimentos sejam tão íntimos que até os cheiros parecem evocar mais vivamente certas memórias, acho que se passa com toda a gente que consiga sonhar e que tenha um olfacto normal (risos).  Somos por momentos como que literalmente, transportados para outros lugares ou tempos, vivendo em pensamento, momentos cheios de alegria.

Na casa dos meus pais, por motivos religiosos não se festejava o Natal, mas os aromas da época inundavam todas as divisões da casa deixando em mim uma saudade imensa de ver a minha mãe ao fogão a fritar os adorados sonhos de abóbora e cenoura, a minha avó a mexer o tacho do doce de tomate e eu e os meus irmãos a rolarmos os doces pelo açúcar.

Não tínhamos árvore, nem prendas, não tínhamos luzinhas , nem bolas douradas e vermelhas…. Mas tínhamos uma família a nossa família! Uma família que se reunia nos melhores momentos, não para festejar o Natal, mas segundo a minha mãe... para festejar o Amor, o amor da nossa família.

Tal como muitos de vós, sinto que os tempos mudaram, já nada tem a mesma magia…. Mas o Natal continua a cheirar a bacalhau azeitado com batatas e couves, cheira a rabanadas, a filhós, doce de tomate e abóbora. A mesa continua a ser posta com rigor e elegância e o cheiro das velas mistura-se com os aromas que vem da cozinha. Ainda não sinto o cheiro do azevinho, mas sei que o irei sentir e que o irei espalhar pela mesa junto com os cestos de frutos secos e deliciosos bombons de chocolate.

Os momentos á lareira em roda da avó a contar as suas peripécias de miúda, são trocados pelos anúncios da TV, onde a voz doce de uma criança anuncia o nascimento do menino Jesus, e das imensas publicidades de marcas de objectos a comprar para a tão esperada, troca de prendas. Pode não ser o Natal das nossas memórias, mas continua a ser um Natal de amor em que reunimos os que amamos numa noite de serenidade, cheia de risos e sorrisos, onde as crianças, as nossas crianças...  vibram de olhos brilhantes, perante a alegria de perceberem que tem toda a atenção sobre si mesmas.

Este será o Natal da memória dos nossos filhos e dos nossos netos…. Cabe a nós proporcionar-lhes memórias tão aromáticas , quanto aquelas que os nossos pais e avós nos deixaram.

Que seja sempre um belo Natal…. E que os álbuns de fotos se encham de momentos especiais!

Feliz Natal

Um comentário:

Maria disse...

Tão bonito, Ana.
Fizeste-me lembrar os natais da minha meninice, em casa de avós.

Beijos.